PAI PROCÓPIO D' OGUN JÀ
PROCÓPIO XAVIER DE SOUZA
Procópio Xavier de Souza, Procópio d'Ogum , foi iniciado por Marcolina da Cidade de Palha. Há poucas informações sobre ela. Sabe-se que era da nação ketu e da mesma geração de Pulchéria (Gantois). Jornais da época já a tratavam por Marcolina da Cidade de Palha (2º distrito de Santo Antônio), conforme notícia policial do Diário de Notícias de 09 de maio de 1905. O número de iniciadas, além da famosa feijoada anual oferecida a Ogum - patrono do terreiro -, que mais tarde ficou conhecida como "feijão do Procópio", bastante contribuiram para o recohecimento do terreiro. Donald Pierson, cita mesmo uma festa com 208 es-
pectadores no interior da casa, e aproximadamente outros duzentos "que movimentavam-se do lado de fora do barracão". (Cf: Pierson, Donald. Brancos e Prêtos na Bahia , São Paulo: Companhia Editora Nacional. 2 ed., 1971:325).Outro fator fundamental para o seu reconhecimento foi o fato de ter participado da legitimação da religião dos orixás (do candomblé), durante a perseguição às religiões afro-brasileiras promovida pelas autoridades do Estado Novo. Nesse período, o Ilê Ogunjá foi invadido pela polícia baiana, sob a supervisão do famoso delegado Pedrito Gordo. Procópio foi preso e espancado. O jornalista Antônio Monteiro foi uma das pessoas que ajudou na libertação de Procópio. Tal acontecimento - caso Pedrito - registrou o nome de Procópio na história popular baiana, chegando mesmo a fazer parte de uma letra de samba-de-roda:
Caso que conferiu-lhe notórias citações em obras de ficção. "Tenda dos Milagres" é um bom exemplo. Sobre a feijoada, conta-se: "Um dia Procópio estava comendo em sua casa. Chegou um filho-de-santo, com quem ele tinha brigado. Então, Procópio manda ele embora com outra briga. Com isso, comete um grande pecado para o candomblé: negar comida a um filho-de-santo. O santo pegou Procópio e falou que ele estava multado. Na semana seguinte, ele deveria fazer uma feijoada no terreiro convidando todo o mundo" [1] . Colocava-se uma esteira no chão, na ponta da esteira a panela de barro com a feijoada. Todos deveriam, ali, come-la. Ao tocarem na comida, todas as filhas-de-santo "caíam no santo". Nào era uma feijoada como costumeira, mas uma feijoada com preparos, temperos e carnes especiais.
Profundo conhecedor das ervas, possuía uma quitanda (herbário) no Gravatá, perto de sua residência. Possuía profunda relação com o terreiro do Alaketu, tendo auxiliado Dona Dionísia (mãe-de-santo àquela época) na feitura de dezenas de barcos, entre estes o barco da atual iyalorixá do terreiro, Olga Francisca Régis (Olga do Alaketu) e Tia Delinha d'Ogum (com casa no bairro de Miguel Couto - RJ), de quem foi pai-pequeno. Eram terreiros irmãos e por isso possuíam casas especiais para abrigar os irmãos da comunidade visitante. Essa parceria entre os dois terreiros fez com que objetos rituais do terreiro do Alaketu, que estavam em temporada no Ilê Ogunjá, fossem apreendidos pela polícia de Pedrito como peças do terreiro de Procópio, o que comprova a imensa familiaridade entre Procópio e Dionísia. Faleceu em 1958, com idade ignorada (aproximadamente 70 e poucos anos).[1] Entrevista realizada com Màezinha - afilhada de Procópio
Maria do Nascimento, Mãe Meninazinha d'Oxum, foi iniciada em 1960, na Casa-Grande de Mesquita, por sua avó biológica, Iyá Davina.Sua mãe biológica, Mariazinha de Nanã, teve quinze filhos - todos iniciados na mesma Casa-Grande. Quaando engravidou de Meninazinha, o Omolu de Iyá Davina disse que naquela barriga havia uma menina, filha de Oxum, e que seria a herdeira do Axé. Em 18 de agosto de 1937, nascia, assim, Maria do Nascimento - Meninazinha d'Oxum.
A primeira, Waldemira do Nascimento, Mãe Dininha d'Oxossi, fora confirmada ekédi em 1950, na mesma Casa-Grande de Mesquita. Era ekédi do Omolu de Iyá Davina. Mãe Dininha teve duas filhas, que hoje têm papéis importantes no egbé: Mãe Nilce d'Iyansã e Mãe Neide d'Oxaguian (ekédi). A segunda, Djanira do Nasimento, Mãe Dêja, que foi, até o seu falecimento em 1988, a Iyá Kekerê do Ilê Omolu Oxum. Djanira fora inciada por Tia Pequena para Iyansã, em 1951, na Casa-Grande de Mesquita. Mãe Dêja teve cinco filhos, que hoje, também ocupam papéis importantes no terreiro: Mãe Lucia d'Omolu, Mãe Hilda (ekédi),
Ekedi Zeneide, Ekedi Solange e Ogan Carlinhos. Ekédi Solange casou-se com Ogan Jorge, filho de Mãe Noélia d'Iyansã (iniciada no mesmo barco de Mãe Lúcia d'Omolu), por sua vez, filha de Mãe Angelina d'Ogun, iniciada por Bandanguame, no Terreiro do Bate-Folha, em Salvador - o que, mais uma vez, comprova os vínculos criados entre o povo-do-santo no Brasil. De seus doze irmãos, apenas, Waldemar do Nascimento, Pai Mado, é vivo. É um dos ogans mais antigos da casa, junto com Pai Wilton (marido de Mãe Nilce d'Iyansã) e Pai Carlinhos (filho biológico de Mãe Dêja).
Procópio Xavier de Souza, Procópio d'Ogum , foi iniciado por Marcolina da Cidade de Palha. Há poucas informações sobre ela. Sabe-se que era da nação ketu e da mesma geração de Pulchéria (Gantois). Jornais da época já a tratavam por Marcolina da Cidade de Palha (2º distrito de Santo Antônio), conforme notícia policial do Diário de Notícias de 09 de maio de 1905. O número de iniciadas, além da famosa feijoada anual oferecida a Ogum - patrono do terreiro -, que mais tarde ficou conhecida como "feijão do Procópio", bastante contribuiram para o recohecimento do terreiro. Donald Pierson, cita mesmo uma festa com 208 es-
pectadores no interior da casa, e aproximadamente outros duzentos "que movimentavam-se do lado de fora do barracão". (Cf: Pierson, Donald. Brancos e Prêtos na Bahia , São Paulo: Companhia Editora Nacional. 2 ed., 1971:325).Outro fator fundamental para o seu reconhecimento foi o fato de ter participado da legitimação da religião dos orixás (do candomblé), durante a perseguição às religiões afro-brasileiras promovida pelas autoridades do Estado Novo. Nesse período, o Ilê Ogunjá foi invadido pela polícia baiana, sob a supervisão do famoso delegado Pedrito Gordo. Procópio foi preso e espancado. O jornalista Antônio Monteiro foi uma das pessoas que ajudou na libertação de Procópio. Tal acontecimento - caso Pedrito - registrou o nome de Procópio na história popular baiana, chegando mesmo a fazer parte de uma letra de samba-de-roda:
Caso que conferiu-lhe notórias citações em obras de ficção. "Tenda dos Milagres" é um bom exemplo. Sobre a feijoada, conta-se: "Um dia Procópio estava comendo em sua casa. Chegou um filho-de-santo, com quem ele tinha brigado. Então, Procópio manda ele embora com outra briga. Com isso, comete um grande pecado para o candomblé: negar comida a um filho-de-santo. O santo pegou Procópio e falou que ele estava multado. Na semana seguinte, ele deveria fazer uma feijoada no terreiro convidando todo o mundo" [1] . Colocava-se uma esteira no chão, na ponta da esteira a panela de barro com a feijoada. Todos deveriam, ali, come-la. Ao tocarem na comida, todas as filhas-de-santo "caíam no santo". Nào era uma feijoada como costumeira, mas uma feijoada com preparos, temperos e carnes especiais.
Profundo conhecedor das ervas, possuía uma quitanda (herbário) no Gravatá, perto de sua residência. Possuía profunda relação com o terreiro do Alaketu, tendo auxiliado Dona Dionísia (mãe-de-santo àquela época) na feitura de dezenas de barcos, entre estes o barco da atual iyalorixá do terreiro, Olga Francisca Régis (Olga do Alaketu) e Tia Delinha d'Ogum (com casa no bairro de Miguel Couto - RJ), de quem foi pai-pequeno. Eram terreiros irmãos e por isso possuíam casas especiais para abrigar os irmãos da comunidade visitante. Essa parceria entre os dois terreiros fez com que objetos rituais do terreiro do Alaketu, que estavam em temporada no Ilê Ogunjá, fossem apreendidos pela polícia de Pedrito como peças do terreiro de Procópio, o que comprova a imensa familiaridade entre Procópio e Dionísia. Faleceu em 1958, com idade ignorada (aproximadamente 70 e poucos anos).[1] Entrevista realizada com Màezinha - afilhada de Procópio
Maria do Nascimento, Mãe Meninazinha d'Oxum, foi iniciada em 1960, na Casa-Grande de Mesquita, por sua avó biológica, Iyá Davina.Sua mãe biológica, Mariazinha de Nanã, teve quinze filhos - todos iniciados na mesma Casa-Grande. Quaando engravidou de Meninazinha, o Omolu de Iyá Davina disse que naquela barriga havia uma menina, filha de Oxum, e que seria a herdeira do Axé. Em 18 de agosto de 1937, nascia, assim, Maria do Nascimento - Meninazinha d'Oxum.
A primeira, Waldemira do Nascimento, Mãe Dininha d'Oxossi, fora confirmada ekédi em 1950, na mesma Casa-Grande de Mesquita. Era ekédi do Omolu de Iyá Davina. Mãe Dininha teve duas filhas, que hoje têm papéis importantes no egbé: Mãe Nilce d'Iyansã e Mãe Neide d'Oxaguian (ekédi). A segunda, Djanira do Nasimento, Mãe Dêja, que foi, até o seu falecimento em 1988, a Iyá Kekerê do Ilê Omolu Oxum. Djanira fora inciada por Tia Pequena para Iyansã, em 1951, na Casa-Grande de Mesquita. Mãe Dêja teve cinco filhos, que hoje, também ocupam papéis importantes no terreiro: Mãe Lucia d'Omolu, Mãe Hilda (ekédi),
Ekedi Zeneide, Ekedi Solange e Ogan Carlinhos. Ekédi Solange casou-se com Ogan Jorge, filho de Mãe Noélia d'Iyansã (iniciada no mesmo barco de Mãe Lúcia d'Omolu), por sua vez, filha de Mãe Angelina d'Ogun, iniciada por Bandanguame, no Terreiro do Bate-Folha, em Salvador - o que, mais uma vez, comprova os vínculos criados entre o povo-do-santo no Brasil. De seus doze irmãos, apenas, Waldemar do Nascimento, Pai Mado, é vivo. É um dos ogans mais antigos da casa, junto com Pai Wilton (marido de Mãe Nilce d'Iyansã) e Pai Carlinhos (filho biológico de Mãe Dêja).