EGUN-AGBA 2019 (21º Ajodun Egun-Agba)


Itan Baba Egun Jatolu do Axe Opo Ajagunna

Em meados de 1967, Mameto Minakenã, neta de africanos legítimos, identifica que no solo do até então “Tenda Espirita Caboclo Jaraguá” de sua filha “Kaiambura” havia uma força espiritual que não conseguia identificar. Era até então um ancestral que não aceitava ser extinto. Ela (Mameto Minakenã) não sabia do que se tratava, porém essa força trazia vitalidade e poder a terra desta Casa de Candomblé.
Ela sabia que não podia invocar essa força, pois ao consultar seu merindilogun ou ainda abrir lobasa’s (cebola) e obis a perguntar de que força se tratava “esse ancestral” respondia, porém não acatava ordens femininas.
Mameto Minakenã montado um determinado Igba pintado de branco e pediu para um de seus Ogan’s dar determinada oferenda seguida de um frango branco. Depois de feito, acenderam velas e cobrira tudo com um pedaço de morim branco.
Esse tal Igba de força estranha ficou na parte da frente da casa. Todos foram embora da Casa de Kaiambura que voltou em uma quinta-feira para dar um toque de atabake’s para seu Caboclo. Quando Kaiambura chegou, o Igba estava no corredor e não onde o Ogan tinha colocado, acreditaram que alguém deveria ter retirado ele do lugar, retornaram esse Igba mais uma vez para a parte da frente da casa, o qual depois de alguns dias aparecia novamente no corredor. Seria melhor deixar onde aquela força queria realmente ficar. Essa força estranha não queria permanecer na parte da frente da casa e assim foi deixado.
Devido a desavenças entre Kaiambura e sua mãe de santo, Kaiambura deixou as mãos de Minakenã e foi se tratar espiritualmente com Pai Kajaide. Não sabendo tratar aquele Igba, Kaiambura resolveu simplesmente enterrar aquele Igba, pois tinha receio de simplesmente despacha-lo.
Na reforma de 1992, cerca de 25 anos depois, esse Igba foi encontrado, o novo sacerdote “Mogba Klaudio d’ Osala”      que simplesmente o lavou e o deixou no corredor com uns blocos de concreto e uma telha para protege-lo.
Seguindo as instruções dadas pelos que fizeram o Asese da primeira Iyalorisa “Iya Agba Kaiambura”, após o seu Asese de 07 anos, esse ancestral fora identificado e montado de acordo seguindo os devidos preceitos e anexado ao primeiro Igba que fora montado em 1967.
Renascia assim Baba Egun Jatolu dentro dos portões do Axe Opo Ajagunna, uma casa de Asé Lésé-Orisa que tem uma pequena parte de culto Lésé Egun. O Axe Opo Ajagunna, não possui “Ojé’s” para o culto Lésé Egun.










































Itan 21º Ajodun de Baba Egun Jatolu do Axe Opo Ajagunna

Depois de 09 anos tendo suas funções no mês de julho, as festividades de Baba Egun retornam a sua data original, nesse ano de 2019, que se marcam os 21 anos de Baba Egun Jatolu fora criado o Corpo Lésé Egun para as cerimonias fúnebres, a qual se denominou de “Ara Isinku (corpo fúnebre)”.
Toda a função a esse Grande Ancestral começaram 21 dias antes do que realmente fora o inicio das festividades. Tudo determinado por sua vontade e seguido acertadamente por todo o Egbé para que não houvesse quaisquer problemas.
A partir do dia 21 de outubro iniciou-se a limpeza do Ojugbo Aku e a entrega de seus devidos Iybosé’s que sempre foi aguardado com muita atenção as pessoas escolhidas por Ele para os devidos Iybosé’s.
Esu Iku teve seu Oro feito pelas mãos do Oluponã Carlos d’ Aganju às 15 horas da tarde da sexta-feira dia Primeiro de novembro.

O IPADE:


Às 23h45minhoras até então do dia primeiro de novembro iniciou-se o Ipade Aku.
A Iya L’Monde juntamente com a Iyamoro, Ajimudà e Iya Olokotun conduziam a cuia ritualística preparada pelas mãos de Mogba Klaudio, aqui no Axe Opo Ajagunna, o Ipade Aku (Ipade de morto) sempre fora seguido por um homem de Osossy, nesse ano o Atokun Claudemir seguiu sem tocar em nada, as mulheres na cuia ritualística.
A Casa de Ase estava repleta de filhos que abaixados reverenciaram os ancestrais da Casa, Esu Ina, Esu Odará, Esu Iku, Baba Egun, Ale Lode, Iya Mi Osorongá e tantos mais Esa’s.

O OROSISE


Depois do Ipade seguiu-se o sacrifício dos Gudipé’s e adié’s para Baba Egun, sendo conduzido pelo Alápini Jota d’ Osala e pelo Atokun Claudemir. Todos os homens participaram dos sacrifícios feitos à Ele.
Onze mulheres presentearam Baba Egun com suas oferendas e mais alguns homens e mulheres fizeram a mesma coisa.
Seguiu-se o primeiro carrego a ser entregue em local determinado pelo próprio Baba Egun. Nesse momento limparam o Ojugbo Aku até aguardar a todos que foram levar seu carrego, no escuro com as mulheres separadas dos homens. Essa parte é uma das de maiores importância e respeito dentro da festividade, um momento que todos devem permanecer em silêncio, esse momento é muito tenso, pois toda a Casa de Ase fica desprovida da proteção deste Ancestral, seguindo o histórico, Baba Egun acompanha a todos que estão conduzindo seu carrego.

SEGUNDO & TERCEIRO CARREGO


Logo depois da chega de todos que levaram seu primeiro carrego, segue a procissão de seus presentes, tabuleiros e balaios com raízes, bebidas, flores, legumes e folhagens que seguem em procissão carregadas pelos homens, nesse momento todas as Oya’s chegam para a festividade carregando consigo as franjas de Mariwo e a mais antiga trazendo a panela de fogo trazendo a luz de volta.
Do lado de fora da Casa de Asé soam os atabake’s, a Iyalode de Iygbale surge nas mãos da Iyamoro que a entrega nas mãos de todas as Oya’s, segue os gritos em louvor a Baba Egun, seiva de alfazema é jogada nos presentes em todos da comunidade um dos momentos de maior louvor e alegria, pois Baba Egun é sério, severo como um pai bravio, porém é festivo, harmonioso e trás consigo toda a alegria.
Logo depois disto, Mogba Klaudio coloca a roupa sobre o Igba de Baba Egun e os demais começam a entregar a ultima oferenda no Ojugbo Aku.
Em seu término, segue o segundo carrego enquanto as Ekejiys (Mayra e Iyamoro Bell) começam os Egbó’s nos Omorisa’s. Ewerton d’ Ogun segue na limpeza do Ile Asé juntamente de Vladimir d’ Ogun batendo as folhas de Peregun, os pontos de pólvora, o Omieró e a defumação, esses dois últimos feitos pelo Baba Egbé Mykke e a Iya Egbé Érika      que também lavaram as cabeças de todos os presentes. Seguiu-se em seu destino o terceiro carrego.

OS DEMAIS ORO’S


Seguindo os pedidos de Baba Egun, o Atokun Claudemir fez o Oro a Iygbale, o Oluponã Carlos fez as oferendas a Esu Srº 07 (O mais antigo), Esu Ina, Esu Odará e Ale-Lode, Mogba Klaudio fez as devidas oferendas a Iya Mi Osorongá e começou ai o juramento perante Onilé.

ONILÉ


O Alápini Jota fez oferendas a Onilé quando Mogba Klaudio começava o juramente do Ara Isinku do Axe Opo Ajagunna.
Chamou por ordem primeiramente o Alápini Jota passando ejé do Igba Onilé em sua testa e lhe entregando o Esan.
Seguiu-se:
Segundo, Atokun Claudemir d’ Osossy;
Terceiro Ogotun Mauricy d’ Ologun-édé;
Quarto Oluponã Carlos d’ Aganju;
Quinto Fabohun Mateus d’ Agodo;
E sexto, por sua dedicação ao Ile Asé e a seu Sacerdote Mogba Klaudio, Balogun Pépé Ewerton d’ Ogun.
Todos os 06 dançaram e bateram à terra seus Esan’s em nome de Onilé.

SANGO, O PRIMEIRO ALÁPINI.


Todo salão principal estava arrumado com uma grande mesa de jantar para dentro de pouco tempo todos jantarem.
O Baba Egbé Mykke levou o Oluponã Carlos para o Sabajy, arrumando-o com franjas de Mariwo e invocando as forças de Oba Aganju.
Com o Amalá em sua cabeça, Aganju surge no salão sendo seguido pelo corpo Lésé Egun a carregarem suas varas ritualísticas, momento de grande emoção, pois todo o Egbé louvava o primeiro Ara Isinku da cidade de Santos.
São eles: Jota, Claudemir, Carlos, Mateus, Mauricy e Ewerton que farão todas as cerimonias fúnebres do Axe Opo Ajagunna a partir desta data, incluindo ritos de Asese, culto à Baba Egun entre tantas outras coisas que há no culto Lésé Egun.
Seguiu-se a ceia às 06 e meia da manhã.


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